Richard Villaverde

Richard Villaverde, CIO CAPSA FOOD: “O investimento na tecnologia deve ser acompanhado por uma aposta clara na educação, formação e talento”

Quem é Richard Villaverde Baron?

Richard Villaverde Baron é o CIO – Responsável de Serviços TIC, Segurança e Inovação Tecnológica da CAPSA FOOD (Central Lechera Asturiana, Larsa, ATO, Vega de Oro, Innova Food Ingredients, Flor de Burgos, Asana...), companhia líder do mercado nacional de lacticínios com presença internacional em mais de 40 países e cujo propósito é dar futuro ao parceiro pecuário, através da oferta de produtos naturais e serviços que melhorem a saúde e a qualidade de vida das pessoas, num ambiente sustentável.

Nas suas palavras: “Central Lechera Asturiana, a nossa marca principal, sempre esteve presente na minha vida desde que era criança (na minha casa, colégio, universidade, nos meios de comunicação, no desporto…) portanto tenho que dizer que pertencer a esta companhia é como estar na minha segunda casa e tento transmitir o mesmo nível de compromisso, motivação e entusiasmo à minha equipa”.

Desde o seu início na CAPSA FOOD (2005), teve a oportunidade de desempenhar várias funções dentro da organização IT e mesmo em qualquer outra área da companhia. Previamente à sua integração na CAPSA FOOD desenvolveu o seu trabalhou na área de consultoria tecnológica, implementando diferentes plataformas de gestão empresarial (ERP, CRM, BI...).

É claro para nós que a tecnologia é um "facilitador chave" para alcançar os objetivos do nosso negócio

"Tenho sido um espectador privilegiado do processo de transformação da CAPSA FOOD. É claro para nós que a tecnologia é um "facilitador chave" para alcançar os objetivos do nosso negócio e está presente em todos os processos da cadeia de valor, desde a recolha de matérias-primas até à disponibilização do produto aos nossos clientes e consumidores. Sem dúvida, é uma alavanca na qual nos apoiamos para sermos muito MAIS FORTES E COMPETITIVOS", comenta Richard Villaverde.

Quais são os principais desafios que o setor agroalimentar enfrenta no processo de transformação digital?

Em maior ou menor medida, todas as indústrias do setor estão a transformar-se e este processo deve ser acompanhado por um firme compromisso de investimento em tecnologia.

Um dos principais desafios que enfrentamos foi motivado pela própria digitalização dos nossos clientes e consumidores que faz com que tenhamos que nos adaptar mais rapidamente às suas necessidades. E estas são cada vez mais exigentes, complexas e voláteis.

Se queremos desempenhar um papel de liderança na alimentação do futuro devemos estar próximos da tecnologia do futuro para responder a desafios muito importantes do nosso setor, tais como:

  • Garantir a rastreabilidade, transparência e segurança alimentar.
  • Desenvolver uma indústria mais eficiente, automatizada e empenhada na sustentabilidade ao longo da sua cadeia de valor.
  • Responder com agilidade às novas necessidades dos nossos consumidores que nos solicitam produtos & serviços mais orientados para a saúde e muito mais personalizados.
  • Inovar em conjunto com o ecossistema empreendedor do setor Food-Tech.

No entanto, no centro desta transformação têm de estar sempre os colaboradores que são os verdadeiros facilitadores da tecnologia, os quais com base no seu conhecimento são capazes de maximizar a sua valiosa contribuição. Neste sentido, Richard Villaverde destacou que “na CAPSA FOOD, somos agnósticos da tecnologia e crentes das pessoas. O investimento na tecnologia deve ser acompanhado por uma aposta clara na educação, formação e talento, este é um fator diferenciador”.

Como é a organização IT da CAPSA FOOD?

Atualmente, a equipa IT da CAPSA FOOD é composta por 14 pessoas que dão suporte a mais de 600 colaboradores que fazem uso dos sistemas e tecnologias da informação, localizados nas nossas fábricas (Granda, Cueva de Molín, Lugo, Villagarcía, Zarzalejo e Menorca) e armazéns.

Somos um departamento “ambidestro”, constituído por profissionais experientes na manutenção e evolução dos sistemas e infraestruturas “core” da organização. No entanto, também temos incorporado ultimamente outros perfis que nos darão um salto de qualidade para enfrentar com maiores garantias de sucesso a inovação tecnológica que existe no mercado. Assumimos a responsabilidade do ambiente tecnológico do “transatlântico”, mas também dispomos de “launchers” para a exploração de novas “oportunidades digitais”.

O nosso propósito é ser o parceiro tecnológico de todas as equipas da CAPSA FOOD, e para isso oferecemos um catálogo de serviços 360º agrupados nas seguintes áreas:

  • Consultoria e aplicações de negócio.
  • Infraestrutura e comunicações.
  • Cibersegurança.
  • Gabinete de Inovação Tecnológica (OIT).
  • Desenvolvimento Web.

Esforçamo-nos todos os dias para ser uma alavanca de competitividade para a CAPSA FOOD, apoiando-nos nos nossos clientes internos e partners tecnológicos.

Como estão a lidar na CAPSA FOOD com a adoção desta nova "revolução tecnológica"? Quais são as vossas áreas de interesse?

“Como complemento a todos os projetos que continuamente desenvolvemos sobre a nossa arquitetura IT “core”, na CAPSA FOOD contamos com um programa de inovação digital cuja missão é analisar e, quando necessário, adotar as tecnologias que têm impacto na geração de valor para o negócio”, comenta Richard Villaverde.

Atualmente, dispomos de uma roadmap de projetos 2021-2023 que se desenvolvem através das seguintes áreas de interesse:

  • Automatização e digitalização de processos: por exemplo, através da implementação de uma plataforma BPM (Business Process Management) para a organização de processos administrativos, desenvolvimento de robots de software (RPA) para a gestão automatizada de tarefas repetitivas, portal de assinatura digital, fábrica “sem papéis”, implementação de soluções OCR com IA para o reconhecimento de texto…
  • Indústria conectada, sustentável e inteligente: destacaria a implementação do sistema MES nas nossas fábricas, a atualização do software de gestão dos nossos armazéns, solução para a mobilização dos processos de manutenção, APP para a otimização do serviço de entrega a clientes…
  • Cliente e consumidor digital: avançámos no desenho de aplicações móveis para as equipas comerciais, no desenvolvimento do ecommerce da nossa linha de negócio 39ytú, uma nova plataforma de apoio ao consumidor, um piloto “Trusted Cold Chain” para a validação da tecnologia blockchain como solução para garantir a rastreabilidade durante o processo de exportação…

Estamos a focar-nos noutras áreas tão importantes como a cibersegurança, a governação de dados e a formação

"E transversalmente a todo o programa de inovação digital, em colaboração com o nosso Departamento de RH, estamos a focar-nos noutras áreas tão importantes como a cibersegurança, a governação de dados e a formação, onde através da plataforma Campus virtual CAPSA FOOD os nossos funcionários têm acesso a mais de 40 tutoriais e pequenos vídeos sobre digitalização", destaca Richard Villaverde.

Richard Villaverde Baron, que aspetos considera mais relevantes para acelerar os processos de digitalização no sector agroalimentar?

O importante é dispor de uma estratégia, um plano, um modelo ordenado onde sejam claros os objetivos que se querem alcançar com o processo de digitalização, o quê e o para quê. Além disso, é muito importante rodear-se de partners de qualidade e comprometidos com o projeto. "Precisamos de ter este exercício concluído antes de nos atirarmos de cabeça com grandes investimentos em tecnologia", declara Richard Villaverde.

Na CAPSA FOOD, acreditamos que é essencial impulsionar a digitalização de toda a cadeia de fornecimento, implementando plataformas de colaboração com fornecedores, operadores logísticos e clientes em geral. Mas deve ser um desafio partilhado, no qual todas as indústrias, administrações e centros tecnológicos estejam alinhados.

Outro aspeto a ter em conta é que, no nosso setor, onde as indústrias tendem a ser bastante tradicionais e a maioria com ambientes tecnológicos complexos e pouco atualizados, precisamos de desenvolver um plano integral de renovação do "legacy" industrial (infraestruturas e software) e ser capazes de integrar de uma forma segura os sistemas de gestão IT com os do ambiente OT para tirar partido dos benefícios de ambas as dimensões.

Também temos que ver como se materializam as ajudas que estão a ser impulsionadas pela União Europeia, mas essas deveriam ser uma oportunidade para conseguir, entre todos, melhorias setoriais que não seriam possíveis de conseguir de forma individual. A boa noticia é que uma grande parte dos fundos, aproximadamente 35%, são destinados a acelerar a digitalização.

“Por último, devemos disponibilizar formação em novas competências digitais não só aos colaboradores da indústria agroalimentar, mas também a nível universitário e poder repercutir estes novos conhecimentos no tecido industrial”, conclui Richard Villaverde.