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Paulo Teixeira, Country Manager Pfizer Portugal: “Assistimos a uma mudança de paradigma no sentido da prevenção, diagnóstico e cura”

Com um percurso profissional recheado de conquistas e difíceis desafios, e com mais de 25 anos na indústria farmacêutica, Paulo Teixeira, Country Manager da Pfizer em Portugal, desempenhou diversos cargos de crescente responsabilidade nas áreas de Vendas e Marketing nas empresas Abbott, Grünenthal e Wyeth. E, num percurso de dezassete anos na Pfizer, liderou entre 2013 e 2016 a Unidade de Negócio de Global Established Pharma.

Paulo Teixeira licenciou-se em Sociologia na Universidade de Coimbra, possui um MBA Executivo pelo ISCTE-IUL INDEG Business School e um mestrado em Gestão de Marketing no Instituto Superior de Gestão.

"Sabemos que no futuro, as empresas serão significativamente diferentes, com os colaboradores a terem um papel mais relevante na definição da forma como querem trabalhar" afirmou Paulo Teixeira. 

Quais os principais desafios da sua atual responsabilidade?

Na perspetiva daquela que vejo como minha principal missão, o grande desafio está em assegurar que os portugueses tenham um acesso rápido e equitativo aos benefícios que a inovação dos nossos medicamentos e vacinas trazem para a sua saúde e bem-estar.

Para isso, é imprescindível um trabalho conjunto, de cooperação e parceria com as diferentes partes envolvidas - autoridades, profissionais de saúde, doentes, cuidadores, entre outros. Neste sentido, é fundamental assegurar o alinhamento e uma voz uníssona, numa empresa com uma estrutura matricial, organizada em unidades de negócio autónomas e muito diversas.

Na sua indústria, que grandes tendências atuais destacaria?

Vivemos uma admirável era de investigação médica e de progresso científico que resultarão em avanços e curas futuras que transformarão a vida de milhões de pessoas nos próximos anos.

Assistimos a uma mudança de paradigma no sentido da prevenção, diagnóstico e cura

Assistimos a uma mudança de paradigma no sentido da prevenção, diagnóstico e cura. Para além da medicina de precisão/personalizada será possível, por exemplo, prever a probabilidade do diagnóstico de determinadas doenças, podendo atuar na prevenção e mesmo na cura, fazendo com que doenças de hoje se tornem cuidados do passado. A procura do equilíbrio entre a “pressão” do curto prazo e de uma visão estratégica de médio longo prazo é um desafio real.

Refiro por último, aquilo que é central – as pessoas. Assegurar que temos na empresa as competências necessárias para responder a um ambiente em constante mudança, conciliar as expectativas individuais de cada colaborador no tempo que vivemos em que se pede “mais com menos”, assegurar que cada pessoa que trabalha na Pfizer está motivada e comprometida com a nossa missão com a saúde em Portugal.

Em simultâneo, a pressão sobre os sistemas de saúde, com recursos limitados para responder à crescente procura de cuidados de saúde e às expectativas dos cidadãos, faz com que governos e entidades pagadoras se foquem cada vez mais nos resultados de vida real da utilização de produtos e procedimentos, em função dos quais medem o sucesso, e dos quais fazem depender a remuneração das empresas.

O maior escrutínio e exigência sobre o valor das respostas que oferecemos, a evolução tecnológica, um novo conceito de cuidados de saúde, a entrada de novos players, entre outros, impõem um novo modelo de negócio e organizacional. As empresas que mais depressa se adaptarem serão aquelas que sobreviverão.

No contexto de BA e BI, qual a relação da sua empresa com os dados e a informação crítica para o negócio?

Assistimos nos últimos anos a uma expansão significativa do volume e da diversidade de informação clínica, uma tendência impulsionada, em grande parte, pela inovação contínua e pela utilização em grande escala dos registos médicos eletrónicos, da imagiologia de alta resolução e da genómica.

Este novo ecossistema de dados, em constante evolução, traz uma oportunidade crítica para o processo de decisão das empresas, a todos os níveis: otimizando a inovação, melhorando a eficiência da investigação e ensaios clínicos e disponibilizando novas ferramentas para profissionais de saúde, consumidores, reguladores e financiadores.

Que implicações tais tendências terão nas empresas e nas pessoas?

Alcançar os benefícios que resultam de Business Analytics e Business Intelligence exigirá uma mudança na forma como as empresas se organizam e o seu processo de tomada de decisão. É essencial uma forte liderança para responder a uma resistência inicial a um modelo que fundamenta as suas decisões em dados e menos em conhecimentos internos.

Qual o fator distintivo que salienta na relação das empresas com os seus clientes?

Conhecer as necessidades dos clientes é crítico. A forma como cada empresa consegue ir ao encontro dessas necessidades, será o que as distingue. As competências de Business Intelligence e Business Analytics são fundamentais neste ponto. Só o que pode ser medido pode ser mudado. O desafio está em sermos capazes de orientar estrategicamente a seleção dos dados para que respondam às necessidades e prioridades do negócio.

Está ainda, na capacidade de integrar, ultrapassando silos de informação que frequentemente resultam da existência de silos organizacionais. Gerir e integrar dados gerados em todas as etapas da cadeia de valor, desde a investigação até à utilização no mundo real, é um requisito fundamental para que as empresas obtenham o máximo valor da inovação.

É necessário dotar as empresas de um mix de competências - gestão, estatística, programação, gestão de dados, etc., e de sistemas que assegurem a disseminação rápida da informação e resultados, tornando-os assim uma efetiva ferramenta de gestão.

É preciso transformar todos estes dados em informação que apoie a tomada de decisão

No mundo de hoje, em que a informação disponível é colossal, são necessários “filtros”. É preciso transformar todos estes dados em informação que apoie a tomada de decisão das empresas em áreas diferenciadoras e que proporcionem uma clara vantagem competitiva.

Em 2030, como serão as empresas?

Serão forçosamente muito diferentes. Caminhamos para uma forma de trabalhar mais colaborativa, com parceiros muito diferentes daqueles com que trabalhámos até aqui. Haverá uma grande dependência tecnológica.

Serão empresas menos hierarquizadas, mais flexíveis, em que os colaboradores terão um maior papel na definição da forma como querem trabalhar. Acredito que serão mais genuínas, refletindo uma preocupação sincera com a sociedade nas suas ações e decisões.

Para si, inovar é...

Para nós, na Pfizer: "Inovação, mais do que estar à frente, é estar ao seu lado”. Inovar é responder às expectativas e necessidades das pessoas, proporcionando-lhes algo precioso para uma via plena: saúde e bem-estar.