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A Izertis e um consórcio de empresas criam um sistema pioneiro para digitalizar e automatizar o fabrico de um colete para corrigir a escoliose

A consultora tecnológica Izertis, em conjunto com um consórcio de empresas e instituições públicas, lançou o projeto-piloto eHealth, concebido para a digitalização e automatização do tratamento e acompanhamento da escoliose idiopática. A iniciativa centra-se na aplicação de diferentes tecnologias em cada fase da patologia, a fim de melhorar o tratamento e o acompanhamento ao paciente.

Trata-se de um projeto pioneiro em Espanha que já foi testado em vários pacientes obtendo resultados positivos, embora esteja previsto que o projeto obtenha as conclusões definitivas dentro de dois anos. A iniciativa dá resposta a limitações durante o processo de tratamento de uma doença que afeta 3% da população espanhola, principalmente adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e 19 anos.

O início desta iniciativa começa após a fase 1, em que a escoliose é diagnosticada, ou seja, quando o especialista decide se o paciente necessitará de usar um colete em função da gravidade da sua patologia. É já na fase 2 e nas suas correspondentes subfases, as de tratamento e acompanhamento do paciente, que o projeto eHealth começa a ser aplicado, terminando na fase 3, quando o paciente tem alta.

O primeiro contacto com estas novas metodologias e ferramentas tecnológico-médicas começa com um robô encarregado de receber o adolescente juntamente com o médico especialista, quando este último vai fazer as primeiras medições para o colete, aproveitando a capacidade do robô empatizar para criar uma conversa fluida de três vias entre paciente, robô e médico, tornando o procedimento médico mais eficaz e agradável, que noutras circunstâncias poderia parecer mais frio e impessoal (robótica liderada pela empresa Alysis em conjunto com a equipa médica FINBA-ISPA).

Outra das principais alterações neste processo clínico é a incorporação de sensores de digitalização 3D e de pressão no dispositivo de medição para determinar a morfologia do paciente - medicina personalizada - com a qual se obtêm dados mais precisos sobre as medidas com que se deverá fabricar o colete (sensorização implementada principalmente pelo centro de tecnologia Idonial em conjunto com a equipa médica FINBA-ISPA). Estas incorporações forneceriam informações muito mais completas, evitando possíveis erros humanos durante o processo de criação.

Este processo digital continua com o fabrico do colete, onde são incluídos sensores de temperatura para monitorizar o tempo durante o qual o paciente usa o dispositivo, com uma interface de utilizador. Além disso, graças a esta solução, é possível controlar uma série de outros parâmetros de interesse a fim de otimizar o tratamento e a exploração dos dados noutros pacientes (implementados principalmente por Izertis e Idonial).

As novas soluções desenvolvidas pelo consórcio de empresas e entidades que trabalham neste projeto de inovação, completam todo o processo com um acompanhamento baseado na telemedicina, assistentes virtuais (chatbots) e gamificação (implementado por Izertis, i4life, Fundación Universidad de Oviedo e CTIC).

Quando o paciente chega a casa pela primeira vez, surgem mil questões. Idealmente, o médico pediria um contacto regular com os pacientes para avaliar a sua adaptação progressiva ao colete e a sua adesão ao tratamento (deve ter-se em conta que se pode prescrever o uso da cinta durante 22-23 horas por dia). Além disso, é importante uma deteção precoce de possíveis efeitos secundários (cutâneos, neuropáticos ou abdominais). Portanto, a implementação de uma solução de telemedicina melhora e acelera o acompanhamento de cada caso concreto, ao mesmo tempo que combina os dados recolhidos a partir do próprio colete sensorizado.

As famílias sentem que estão a ser feitos avanços no combate desta patologia

"O projeto está a ter um impacto importantíssimo em Espanha, entre colegas de profissão (especialistas, terapeutas, fisioterapeutas, etc.) e as famílias, que sentem que estão a ser feitos avanços no combate desta patologia, e não só na parte técnica, que é logicamente importante, mas também no fator humano, ao promover uma parte que até agora estava estagnada", disse Nuria Rodríguez, Consultora de Inovação na Izertis.

Esta iniciativa faz parte das 'Missões Científicas' e envolve a colaboração de 18 entidades tecnológicas e médicas públicas e privadas de diferentes áreas de especialização. Um dos seus principais promotores foi o Dr. José Fidalgo, Chefe da Secção de Reabilitação Infantil e Próteses do HUCA. O projeto é liderado por Izertis, com a participação de Idonial, FINBA- ISPA, CTIC, i4life, Fundación Universidad Oviedo, Alisys e Tesis. Nesta iniciativa colaboram MBA, Pixelshub, IEDUCAE, Acuña y Fombona, Cluster TIC, Air Liquide Healthcare, Ortoibérica, Prim, Bioquochem e Universidade de Oviedo (através da Cátedra Medialab).