Hiperautomatización
Miguel Ángel Acero Álvarez Head of Digital Transformation and Innovation

2021, o ano da hiperautomatização

No ano 2021 algo totalmente inesperado gerou uma digitalização acelerada em muitas indústrias. As empresas mudaram e as suas tecnologias foram adaptadas à necessidade do momento quase da noite para o dia. O Covid 19 tornou-se um grande motor e acelerador da transformação digital, devendo-se dar continuidade a uma estratégia de mudança e de metamorfose digital com a finalidade de construir empresas resilientes e digitais.

No seu relatório anual, Gartner sugere que as organizações que superaram o primeiro impacto da pandemia e desejam passar de uma estratégia reativa para uma estratégia proativa, devem centrar-se em três áreas: centralidade das pessoas (people centricity), independência de localização (location Independence) e entrega resiliente (resiliente delivery). A pandemia mudou a forma como as pessoas trabalham e interagem, mas as pessoas continuam a estar no centro de todos os negócios e necessitam do suporte de processos digitalizados para desenvolver todos o seu trabalho.

Evolução das empresas para a hiperautomatização

Segundo Gartner, este ano de 2021 continuará marcado pela pandemia COVID 19 e as empresas terão de continuar a evoluir em ambiente VUCA caracterizado pela volatilidade, a incerteza e a dificuldade de previsão. É por isso que necessitamos tecnologias que proporcionem a flexibilidade e a capacidade de adaptação desejada, capacitando aos nossos colaboradores como o centro de todos os negócios, independentemente da sua localização física. Atualmente, a eficiência, eficácia, agilidade e excelência operativa são pontos chaves para o sucesso nos negócios. A automatização apresenta-se como o único caminho para consegui-los. Devemos estar conscientes de que tudo o que pode ser automatizado deve ser automatizado.

Neste contexto, neste ano de 2021, a hiperautomatização está definida para ser estratégica graças à sua capacidade para automatizar tantos processos de negócio e de IT quanto sejam possíveis, utilizando ferramentas tais como Inteligência Artificial, machine learning, software orientado para eventos, Automatização de Processos Robóticos (RPA) e outros tipos de processos de decisão, assim como ferramentas de automatização de tarefas. A hiperautomatização é a chave tanto para a excelência operacional digital como para a resiliência operacional das empresas. Verifica-se que o número de empresas que utiliza tecnologias de automação inteligente nos seus modelos de negócio não para de crescer.

Incorporação de novas tecnologias: RPA, Machine Learning ou BPM

Em 2020, a incorporação de novas tecnologias nas empresas aumentou até 73% face aos 58% de 2019, segundo o estudo anual da Deloitte Automation with Intelligence, na qual foram entrevistadas 441 empresas de todo o mundo, incluindo as de Espanha. O relatório constata que três em cada quatro empresas incorporaram tecnologias como: RPA (Automatização de Processos Robóticos), machine learning, Processamento de Linguagem Natural ou BPM (Gestão de Processos de Negócio), entre outras.

Dentro das suas estratégias de hiperautomatização, empresas de diferentes sectores estão a apostar na criação de Centros de Excelência organizacionais que procuram obter o melhor partido da hiperautomatização, a partir da implementação de RPAs, mas procurando a escalabilidade de um framework de robotização empresarial ao qual são acrescentadas outras tecnologias. Este Centro de Excelência estabelece os objetivos, normas, ferramentas e concentra-se no valor ou retorno económico que a implantação dos diferentes projetos implicará.

As plataformas RPA como serviço (RPAaaS) estão a chegar ao mercado com força e darão lugar a preços transacionais simples e a implantações de clouds sem problemas. A RPAaaS irá reduzir os custos de desenvolvimento e implementação e reforçará a necessidade de implementar os componentes mais impactantes e reutilizáveis, ajudando a criar modelos de preços por transação democratizando o acesso a esta tecnologia.

Esta evolução para um ambiente cloud de RPA está a impulsionar a configuração de uma infraestrutura multi-cloud das empresas ajudando à necessidade de migração dos seus sistemas a infraestruturas externalizadas que favorecem o seu crescimento e a integração de sistemas.

Integração de sistemas de automatização

Este avanço significará que os fornecedores de serviços, tais como a Izertis, estejam concentrados em acrescentar valor na integração do sistema de automação para poder fornecer verdadeiramente os serviços de automação inteligente que combinem eficientemente data science, machine learning, capacidades cognitivas e outras tecnologias juntamente com RPA, para o desenvolvimento de soluções especializadas de maior dimensão e complexidade.

A mudança não estará apenas ligada às capacidades dos fornecedores tecnológicos, mas também aos processos de gestão da mudança envolvidos que conduzirão à elevada proposta de valor da hiperautomatização, implementando um conjunto de tecnologias que permitem às pessoas e às máquinas inteligentes formarem uma equipa e trabalharem em conjunto. A isto acrescentamos que as plataformas RPA avançam nas suas capacidades low-code (sem necessidade de se ter conhecimento de programação para a sua configuração) possibilitando a criação de equipas ágeis e multidisciplinares. Equipas formadas por fornecedores, IT e outras áreas operacionais do negócio (marketing, operações, finanças, recursos humanos e vendas), que trabalham de forma coordenada e com base em metodologias agile e lean para acelerar a implementação da automação. Este envolvimento desde as fases de desenvolvimento da automatização de processos possibilitará a absorção pela empresa das tecnologias facilitadoras mais inovadoras.

CONCLUSÃO

O passado ano 2020 foi o ano de transformação digital forçada, e ao mesmo tempo crucial, para permitir o trabalho remoto, a transição para fluxos de trabalho colaborativos, o realinhamento das operações e a digitalização da experiência do cliente. No entanto, este ano 2021 está vocacionado para o aumento das capacidades tecnológicas e metodológicas associadas à hiperautomatização dos principais processos das empresas, com o objetivo de impulsionar uma real Metamorfose Digital. Assim veremos, em simultâneo, empresas que robotizam processos através de RPA e outras, com maior nível de maturidade tecnológica, que executam projetos mais significativos de hiperautomatização, acrescentando capacidades cognitivas e globais à automatização dos seus processos.

Para além dos aspetos estratégicos que impulsionaram a hiperautomatização neste ano 2021, é de notar que a Comissão Europeia considera a automatização inteligente como vital para o desenvolvimento empresarial europeu e reconheceu-a como um dos quatro pilares do programa Next Generation da EU, o fundo de reconstrução dotado de 750.000 milhões de euros, destinado a ajudar os estados membro a recuperarem da crise pandémica.